Inteligência Artificial, Ancestralidade e o futuro do Marketing no Web Summit Rio 2023 - Dia 018/4/2023 Ontem começou no Riocentro o primeiro Web Summit em terras brasileiras. Antes mesmo de pisar no evento era nítido entre as temáticas de palestras o assunto da Inteligência Artificial. É o tema da vez, é a área da tecnologia que mais vai crescer nos próximos anos e que mais irá impactar o mercado e o nosso dia-a-dia.
Chelsea Manning, Security Consultant at Nym, iniciou o dia em um papo com Leo Schwarts da Fortune. Diante de pergunta de um milhão de dólares sobre como vamos proteger nossa privacidade diante da AI e de quem seria essa responsabilidade, ela foi bastante esquiva. Deixou a entender que quem cria a tecnologia deveria se preocupar com isso e não necessariamente órgãos públicos. Leo, muito perspicaz, questionou como que os interesses de lucro dessas pessoas poderiam garantir essa proteção, então ela foi ainda mais longe e jogou a responsabilidade para nós, usuários. Disse que existem muitas ferramentas disponíveis de proteção de dados e privacidade que podemos incluir em nossas rotinas, apesar delas não serem tão user friendly. Na minha visão, a privacidade e muitas outras questões em torno da AI não pode ser resolvida apenas com isso. Acredito, sim, que é muito importante termos informação e conhecimento acerca de como nos proteger. Mas indivíduos sozinhos não têm o poder de influenciar decisões dessa magnitude, apesar de acabarem pagando o preço. Estamos vendo tudo isso, na prática, com a PL 2630. No fim do dia, Cassie Kozyrkov, Chief Decision Scientist do Google, trouxe um conteúdo mais didático sobre o assunto. Demonstrou que a revolução da Inteligência Artificial não é uma disrupção tecnológica, mas de design. AI já existe entre nós há muito tempo nas sugestões de conteúdo customizada do Netflix, por exemplo, e em basicamente todos os produtos Google. A diferença é que estavam no background, como um meio de melhorar uma experiência. O salto que vimos com ChatGPT e outras AI é o de chegar diretamente ao usuário e isso muda tudo. Ela reforçou muitas vezes que AI também é uma revolução de comunicação. Txai Suruí, Amazônia e o ESG Txai é ativista e guerreira indígena do povo Paiter Suruí. Esteve presente na COP26 e COP27 e iniciou a conversa com um dado importante: "os povos indígenas representam 5% do povo brasileiro e preservam 82% da floresta Amazônica". Como pode algo tão importante para o momento do planeta ter apenas os povos originários como guardiões? A resposta para isso tem muito de cultura e ancestralidade. Txai falou muito sobre o futuro é ancestral. Que todos os valores e aprendizados que ela carregou de seus antepassados sobre a floresta e cosmologia do mundo, é seu ponto de partida para construir o futuro e manter a floresta viva. Para o povo Paiter Suruí a árvore, por exemplo, é sagrada. É mais do que a pegada de carbono de alguma empresa, é de onde vem toda a sua história. Sobre tecnologia, a frase que mais me marcou foi essa: "meu avô usava uma flecha para se proteger, eu uso a tecnologia". Como ela usa as techs para preservar sua cultura e a floresta? As redes sociais são para potencializar e construir as narrativas de identidade, desconstruindo os preconceitos em torno da imagem indígena. Além de ativista, ela é produtora audiovisual e teve uma de suas produções no long list do Oscar. Citou também o monitoramento via satélite, feito por um app, que alerta para desmatamentos, queimadas e outros crimes ambientais. Comentou também como Drones ajudam nessa missão, mas que o acesso a essa tecnologia ainda depende de recursos que não são fáceis de conseguir. "O mesmo satélite que usamos para preservar a floresta, os invasores usam para destruir".Sobre acesso, ela disse em alto e bom-tom "eu e o meu namorado ali, somos os únicos indígenas desse evento". Infelizmente, debates sobre inovação ainda são feitos por um recorte muito específico da sociedade. O problema disso é que acaba construindo uma realidade que resolve as questões para alguns, e não para todos como deveria ser. É aqui que entra uma das minhas maiores críticas em relação ao evento: o ESG. Essas três siglas é mais do que a oportunidade do momento para as empresas. O ESG é a ponte que pode atravessar esses isolamentos e unir interesses de uns para pensarmos os problemas de todos. O assunto teve pouco protagonismo na grade de conteúdos do Web Summit e isso precisar urgentemente ser revisto para 2024. O Futuro do Marketing com a AI Neil Patel, referência mundial em Marketing Digital, marcou presença em 40 minutos do evento, mas deixou uma grande profundidade de insights. O mais óbvio deles é o quanto a autenticidade e criatividade em conteúdos será cada vez mais um diferencial diante de Inteligências Artificiais e um mercado muito barulhento. Depois ele listou as duas áreas nas quais a AI vai mudar o marketing para sempre: 1) Personal Analytics - a Inteligência Artificial irá mudar radicalmente a forma de ler dados de marketing, monitorá-los e usá-los de forma mais ágil para melhoria de desempenho e resultados. Ele citou que o maior desafio de grandes investidores de mídia digital é a eficiência. Que existe muita grana que escorre pelo ralo devido à demora em ler o desempenho de uma campanha ou anúncio, e alterar a rota se for preciso. AI vai mudar isso. 2) Project Magi - Depois ele citou o projeto do Google e em como ele vai mudar radicalmente a forma que buscamos por algo na Internet. Com uma navegação baseada em AI, ela se tornará mais conversacional e você poderá encontrar o que busca, avaliar o produto e efetuar a compra sem sair da mesma tela. O Google deixará de cobrar por palavra-chave e poderá cobrar por transação ou conversão. As três áreas mais promissoras para VCs Entrando no universo das Venture Capitals (investidoras de startups), Magnus Grimeland da Antler, trouxe uma visão geral das grandes revoluções tecnológicas, que se tornaram grandes oportunidades para investimentos, e lançou as próximas três áreas mais promissoras: 1) Inteligência Artificial 2) Climatech 3) Deeptechs Ele ressaltou muito o quanto o Brasil é uma das melhores oportunidades de investimento em startups no mundo nesse momento, e que o perfil do founder brasileiro carrega muita paixão e ambição, o que eles buscam muito.
0 Comments
Leave a Reply. |
Fabi Soares
Já desenvolvi mais 1000 empreendedores desde 2015, quando troquei meu trabalho formal na publicidade para empreender. Sou TEDx speaker, Mentora Angelus Network e fundadora da EFE LAB e da Mooca. ⌕
All
|